No Sol que me Abraça




Para  minha irmã 


Mesmo que a linda rosa
Morra em botão
A vida insiste em  continuar

No sol que me abraça
Na música que enlaça
Para além da vidraça
No muito, ou pouco, que se faça

Lá ela está, a vida, sem medida,
Sem atrasos,
A nos esperar.

No minuto que já se  foi
Mesmo com a ausência silente
Dos que amamos um dia
Seguimos, tontos,  ainda
Pelo mesmo, mas todo dia renovado,
Caminho antes percorrido.

No contar dos Dias





Recolho, às vezes, minhas cores
Deixando o sóbrio branco reinar
No contar dos dias
Ainda que exista o improvável
Por entre as horas
De quem já se cansou de esperar

Na sombra misteriosa dos dias
A primavera com seu feitiço prima
Solto um grito entalado na garganta
Ao ver que ainda, no céu, existem
Pássaros absurdamente livres

Colho, então, minhas tempestades
Para que delas eu possa um dia fazer
Revelando meus segredos a alguém
Um caminho rendado de flores
Onde possa, enfim, chegar além

Profundezas



Carrego em mim
Uma  melancolia
Uma  janela  fechada em dias  frios
O som  agudo que  sai  dos  violinos
A  natureza  bruta das  montanhas
O  silêncio   dos  abismos

Não me  entristece o que  sinto
Suponho apenas 
Que  no  mergulho  dessas  águas  profundas
Onde sei  respirar
Ancoro minhas  dúvidas  e  certezas
E, num  outro  momento,
Em direção  ao  sol  da  superfície
Sou  guiada  a retornar.
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